Não caibo em mim. Já não sei quem sou e menos ainda do que gosto, fora o gosto de nicotina que me acompanha. Sigo dramaticaticamente oscilando na eterna desordem , um frio nas mãos e um fogo no coração. Ora doce, ora amarga, ora salgada. Me perco, ando de um lado para o outro e tonta de vazio fico parada , respiro, animo, desanimo, começo e não termino. Eu não sei quem sou, me reconheço mas logo desconheço. Tenho um corpo que não sei guiar e um raciocínio que não sei dominar.
E se não sei quem sou, menos ainda saberei quem és. O medo me paralisa e talvez dormir seja melhor. Os sonhos me atormentam. Realmente não sei nada de mim. Transito no meio desse nada cheio de respostas que não quero admitir, são verdades que eu não quero enxergar. Não sei de mim, e o que sei, não quero saber, me assusta essa monstruosidade interna e o calor entre as pernas. O céu e o mundo da lua me acalmam, flutuando eu circulo pelo espaço. Eu não quero enxergar o que sou e não gosto do que enxergo em você.
O espaço me completa, o vazio me preenche de poeira e as galaxias me distraem. Mergulho em fotogramas virtuais, e tudo que quero é uma elipse. Sempre quero mais do que sei, e sei menos o que quero, e o que quero nunca chega e quando chega não quero mais. Cansei de querer sem saber, de saber sem querer e de não saber querer.
Martini Martírio
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