Cheguei no CCBB , tocava Sex Pistols alto, bem alto, alto ao
ponto de pedir uma informação ao pé do ouvido de uma pessoa, o CCBB ficou ainda
mais bonito (oh!), e a música dava um ânimo e uma vontade sair fazendo tudo que se
tem vontade.
Entrei no cinema do CCBB, é uma salinha pequena , intimista
e aconchegante, a Márcia Tiburi e o Wander Wildner estavam sentados na primeira fila da
platéia batendo um papo descontraído , fiquei com
vergonha de atrapalhar, tipo já atrapalhando, a moça da organização me apresentou
para os dois, falei que eu era de um blog e tal, a Marcia muito simpática e receptiva,
sorriu e achou legal, como se disesse fique à vontade, mesmo assim eu continuava
morrendo de vergonha ( sempre fico com vergonha quando estou trabalhando com pessoas
que admiro) e para aumentar minha timidez eu estava sozinha, as meninas do
blog estavam em Sta Catarina, fiquei sem ter com quem dividir a minha vergonha,
embora tenha ficado bastante
evidente.
Pois Bem, fiz umas fotos assim meio sem graça, sem querer
interferir (já interferindo ) estava com minha câmera que é um trambolho apontada para eles,
tentando ajustar o fotômetro , a Márcia é uma das pessoas mais branquinhas que
eu já fotografei, e fiz umas fotos erradas - confesso... depois até que acertei
algumas.
Logo eles foram para seus devidos lugares nas cadeiras do
tablado em frente a platéia.
Abriram a sala , as pessoas foram chegando , todos os lugares foram ocupados, e algumas pessoas pediam para sentar no chão.
A conversa começou descontraída, a Márcia apresentou o
Wander e o assunto : Nietzchie X
Sex Pistols , start! O microfone estava livre e sem censura .
Wander contou um pouco da história dele, de como entrou
para os Replicantes, sua ascendência Austríaca , o debate estava com "Um Doce
Viking e uma Filósofa Punk"!
Não foi um show, não foi um espetáculo, foi um debate e a gente sai dali
querendo ir além, muito além, com vontade de correr sem perder o fôlego.
Encanrando o Capitalismo.
Wander contou como continuou sua carreira depois de sair dos
Replicantes, onde ficou durante 6 anos, falou sobre seu selo Fora da Lei, onde ele mesmo produziu e distribuiu seu
disco em 1996 , foi nessa época que ele juntou todas as suas referências
musicais, música brega, jovem guarda, folk e punk.
“Eu aprendi a fazer as coisas com amor, porque eu sou colono,
alemão colono, porque o colono gosta do que faz”.
"esse é um disco Punk
brega, pois juntava parte das coisas bregas que eu tinha ouvido com uma
guitarra punk em alguns momentos, e a minha forma de interpretar que tinha um pouco
de romântico e muito de punk" assim ele contou como escreveu no realise para os jornalistas e como surgiu seu título de cantor Punk Brega.
Depois disso ele tira uma onda dele mesmo dizendo que criou o Punk Brega e que hoje ele é o
Rei do Punk Brega e que está
milionário, arrancando risadas sinceras da platéia.
De fato, ele é
o rei do Punk Rock Brega – Faça Você mesmo!
(e obviamente nós somos fãs histéricas e temos uma Camiseta escrita Eu te amo!)
A Márcia propôs o questionamento sobre o Sex Pistols,,
“Você não acha que eles são mais montados?”
Wander analisa respondendo : "Eles são mais losers, eles são jovens que não sabem o que
fazer da vida, eles não estão trabalhando numa fábrica.. , ”
Márcia questiona, ... E o que não está legal é o capitalismo, mas, Sex Pistols afinal não é uma banda capitalista? , Já que os Sex Pistols nascem de uma loja de roupas?"
Wander responde dizendo,
"sim, mas seria uma loja
de anti-roupas..."
Para confrontar com Sex Pistols, Márcia apresenta Nietzsche em uma citação do livro "Crepúsculo dos Ídolos" que
tem como subtítulo - filosofia a golpes de martelo - como diz Márcia, do
quebra-quebra, da destruição pelo barulho que acaba indo de encontro ao punk, esse grito violento, essa destruição na música e a atitude no movimento.
Após Márcia ter citado Nitzsche, levantando questões
capitalistas ela “abre os trabalhos” para a platéia se manifestar com perguntas
ou argumentos talvez a golpes de martelo.
Fala-se, critica-se e discuti-se a condição em que as
pessoas estão vivendo e fazendo as coisas para agradar ou impressionar os
outros e sem fazer de fato sua vontade própria. O capitalismo, a publicidade que engana
cada vez mais e infelizmente domina.
Um resumo do que vale é a filosofia faça você mesmo!
Quebrando qualquer sistema! O
sistema é chato, reprime e nós faz cada vez mais robôs. A filosofia que você
cria te deixa livre, porque a liberdade está dentro de nós e não o que nos é imposto goela abaixo.
"...É muito melhor, juntar os amigos e fazer alguma coisa,
porque essa faculdade e esse colégio é uma bosta! "
Wander Wildner
"Há mais ídolos do que realidades no mundo"
Nietzsche
"...Estamos vivendo numa era
pós musical, música é um negócio muito antigo, é que nem literatura, texto, a
gente tá vivendo em uma outra época mesmo, mais plastificados, mais
robotizados, cada vez mais esvaziados...”
Márcia Tiburi
"O punk é um movimento que recria o rock, numa crítica
interna ao próprio rock."
Márcia Tiburi
"A história do punk, não se sabe quem criou, é uma palavra
usada por Shakespeare, que é aquele cara que vivia fora dos castelos, nos arredores..."
Wander Wildner
"O hippie é Ghandi e o punk é Bin Laden."
Márcia Tiburi
"A desilusão pode ser uma forma de aprender as coisas"
Wander Wildner
sobre o absolutismo "...Mas que pobreza, como que uma pessoa vai ser uma coisa só?!"
Wander Wildner
"Você está autorizado a ser vaidoso e vazio, mas você não está autorizado a ter idéia própria e querer ter uma vida legal, justa, bacana e se auto-experimentando "
Márcia Tiburi
Assim seguiu o debate ,
instigante e reflexivo, assista! você pode deixar ligado e ir lavando a louça! (sem desmerecer a imagem!) mas com certeza você vai lavar a louça com mais vontade.
Pessoal, isso é só uma palhinha mesmo, com certeza esse post rende muito mais...
Aqui você pode encontrar na íntegra
e tirar suas próprias conclusões
Amanhã o encontro é com Márcia Tiburi e Carol Teixeira – Madonna paradoxos do pós-feminismo
O evento é gratuito, e nós super recomendamos, mas chegue cedo!
O próximo:
O que: Filosofia do Rock com Márcia Tiburi e Carol Teixeira – Madonna paradoxos do pós-feminismo
Quando: 21/08/2012 - 19h30
Onde: CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Ávares Penteado, 112 - Centro. (metrô São Bento)
Por Martini Martírio e Lourelay Dream