quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Confissões de uma Garçonete

Inventando um Carnaval 

A Martini saiu por aí -  hoje não quero ser ela, quero ser outra -  mas vou contar coisas que sei da vida da Martini (na terceira  pessoa). 
Quinta-feira de Carnaval de 2012.
 Foi para rodoviária , perguntou nos guichês que ônibus sairia mais rápido e contou o dinheiro da carteira. Martini agora está boa para fazer orçamentos, só não sabe ainda conferir o troco instantaneamente . Entrou no ônibus para Curitiba, não sabia nada sobre a cidade, mas era a partida mais rápida. Martini adora partidas mas não gosta muito de chegadas, não gosta de voltar para sua realidade, embora seja inventada.
Cinco da tarde na rodoviária de São Paulo, chegou em Curitiba as dez e pouco da noite numa quinta-feira de carnaval, a rodoviária estava lotada, gente de todos os tipos, aquela coisa de rodoviária . Quem tem boca vai a Roma era seu lema. Viu uma turminha mais descolada, tipo punk de boutique e ali foi pedir informação, onde poderia ter um bar de rock na cidade, eles indicaram,um queria mostrar que sabia mais que o outro, mas ela captou a mensagem. Foi no banheiro trocou de roupa, pôs um kit essencial feminino na bolsa e deixou a mochila no guarda-volume. Pegou um taxi, cruzou e descruzou as pernas, olhou pelo retrovisor, passou baton, se fez de inocente safada, de sonsa estrategista , ele caiu, corrida ganha, e ainda buscaria ela na volta para rodoviária . Caminhou  pelas calçadas das redondezas, era bonito, pouca gente , calçadas limpas sem odor de sujeira humana.
Bar de Rock – Curitiba
Entrou, pouco dinheiro, mas dava para 2 drinks e um cachorro-quente, e talvez a passagem de volta.
Sentou no balcão, pediu gim tônica, o bartander era mal humorado  e sorriu de lado meio irônico, ela acendeu um cigarro cruzou as pernas e sorriu na mesma medida, estrategista.  O bar era pequeno e uns caras arranhavam notas numa guitarra e num contra-baixo no mini palquinho, eram magros, e um usava uma graciosa camisa pólo, nada mais chamou sua atenção, além de um casal que descutia numa mesa atrás dela, o namorado parecia chato e instransigente e a moça de uns 27 anos não sabia se defender e as lágrimas escorriam pretas de rímel e kajal . Martini mudou de lugar para poder ver de frente a grosseria do energumeno com a menina , e ficou mais próximo do caixa, onde tinha uma mulher de aparência noturna, branca, magra, olheiras profundas, olho delineado de preto, um pouco amarga mas ainda assim era interessante, Martini sorriu desprotegida, sabia ser humana quando queria, mas a mulher branca de olhos profundos fez que não viu. Martini baixou a cabeça e bateu o cigarro como se ficasse triste, estrategista, afinal era seus drinks que estavam em jogo. Mas ok, chega de descrições de personalidades anônimas, e vamos ao que interessa (ou não) - Com quem a Martini passou a noite?! Com aquele pintor clichê que aparece nos balcões dos bares, passou a noite posando de modelo curvilínia  ao som de Bob Dylan e na páscoa ele vem visitá-la , mas ela está achando tudo rápido demais e vai pensar em outros balcões.

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