Inventando um Carnaval
A Martini saiu por aí - hoje não quero ser ela, quero ser
outra - mas vou contar coisas que
sei da vida da Martini (na terceira pessoa).
Quinta-feira de Carnaval de 2012.
Foi para rodoviária , perguntou nos guichês que ônibus sairia
mais rápido e contou o dinheiro da carteira. Martini agora está boa para fazer
orçamentos, só não sabe ainda conferir o troco instantaneamente . Entrou no
ônibus para Curitiba, não sabia nada sobre a cidade, mas era a partida mais
rápida. Martini adora partidas mas não gosta muito de chegadas, não gosta de voltar para sua realidade, embora seja inventada.
Cinco da tarde na rodoviária de São Paulo,
chegou em Curitiba as dez e pouco da noite numa quinta-feira de carnaval, a
rodoviária estava lotada, gente de todos os tipos, aquela coisa de rodoviária .
Quem tem boca vai a Roma era seu lema. Viu uma turminha mais descolada, tipo
punk de boutique e ali foi pedir informação, onde poderia ter um bar de rock na
cidade, eles indicaram,um queria mostrar que sabia mais que o outro, mas ela captou a
mensagem. Foi no banheiro trocou de roupa, pôs um kit essencial feminino na
bolsa e deixou a mochila no guarda-volume. Pegou um taxi, cruzou e descruzou as
pernas, olhou pelo retrovisor, passou baton, se fez de inocente safada, de
sonsa estrategista , ele caiu, corrida ganha, e ainda buscaria ela na volta
para rodoviária . Caminhou pelas
calçadas das redondezas, era bonito, pouca gente , calçadas limpas sem odor de
sujeira humana.
Bar de Rock – Curitiba
Entrou, pouco dinheiro, mas dava para 2 drinks
e um cachorro-quente, e talvez a passagem de volta.
Sentou no balcão, pediu gim tônica, o bartander
era mal humorado e sorriu de lado
meio irônico, ela acendeu um cigarro cruzou as pernas e sorriu na mesma medida,
estrategista. O bar era pequeno e uns
caras arranhavam notas numa guitarra e num contra-baixo no mini palquinho, eram
magros, e um usava uma graciosa camisa pólo, nada mais chamou sua atenção, além
de um casal que descutia numa mesa atrás dela, o namorado parecia chato e
instransigente e a moça de uns 27 anos não sabia se defender e as lágrimas
escorriam pretas de rímel e kajal . Martini mudou de lugar para poder ver de
frente a grosseria do energumeno com a menina , e ficou mais próximo do caixa,
onde tinha uma mulher de aparência noturna, branca, magra, olheiras profundas,
olho delineado de preto, um pouco amarga mas ainda assim era interessante,
Martini sorriu desprotegida, sabia ser humana quando queria, mas a mulher
branca de olhos profundos fez que não viu. Martini baixou a cabeça e bateu o
cigarro como se ficasse triste, estrategista, afinal era seus drinks que estavam em jogo. Mas ok, chega de descrições de
personalidades anônimas, e vamos ao que interessa (ou não) - Com quem a Martini passou a noite?! Com aquele pintor clichê que aparece nos balcões dos bares, passou a noite posando
de modelo curvilínia ao som de Bob Dylan e na páscoa ele vem visitá-la , mas ela está achando tudo
rápido demais e vai pensar em outros balcões.
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